Filhotes de Cães Bully e Gatos Gigantes - O uso da L-Carnitina em alimentos para cães e gatos

O uso da L-Carnitina em alimentos para cães e gatos
Departamento Técnico e de Comunicação Científica da Royal Canin do Brasil 1

1- Definição:

A carnitina é uma molécula que contribui com a produção de energia nas células vivas. Descoberta em 1905, a L-carnitina é um composto nitrogenado, um ácido carboxílico de cadeia curta. Tecnicamente, não é um aminoácido. É um composto semelhante à vitamina, solúvel em água, que é sintetizado no organismo a partir dos aminoácidos lisina e metionina, na presença de Vitamina C e Vitamina B6 (Kanter & Williams, 1995).

2- Origem do nutriente:

A. carnitina pode ser obtida pelos animais (incluindo cães e gatos) e humanos de 2 formas:
- Síntese endógena no fígado (ou fígado e rins em humanos);
- Absorção intestinal deste nutriente contido nos alimentos. Carnes são ricas em carnitina.

Desta forma, a Carnitina não é um nutriente essencial para cães e gatos saudáveis que consomem alimentos balanceados de boa qualidade, já que eles podem sintetizar as quantidades de que necessitam.

3- Regulamentações do Ingrediente:

A L-carnitina, a forma sintética deste nutriente, que pode ser utilizada como suplemento em alimentos para animais.
Segundo a AAFCO (American Assotiation of Food Control Officials) e o U.S. FDA (United States Food and Drug Administration), a L-carnitina, um nutriente não essencial, é considerado um suplemento nutricional SEGURO, aprovado para uso em alimentos para animais, inclusive para cães e gatos, desde que as doses recomendadas não sejam ultrapassadas (0,075% da matéria seca do alimento, ou cerca de 830 mg/kg de alimento).

4- Benefícios do Ingrediente:

Os organismos vivos podem produzir energia através diferentes vias. Uma delas é o metabolismo aeróbico, que se baseia na utilização (oxidação) de ácidos graxos com oxigênio. O processo de oxidação dos ácidos graxos ocorre no interior das células, em pequenas estruturas chamadas mitocôndrias. A oxidação mitocondrial dos ácidos graxos que fornece energia para as células.

L-carnitina é um derivado de aminoácidos que possibilita o transporte de ácidos graxos de cadeia longa através da membrana da mitocôndria, onde são oxidados para produzir energia (ATP). Mais precisamente, as moléculas de carnitina são incorporadas às estruturas enzimáticas. As enzimas conhecidas como Carnitina-Palmitoil-Transferase I e II estão envolvidas no transporte de ácidos graxos de cadeia longa através da membrana mitocondrial. CPT refere-se a 3 enzimas distintas: L-CPT I é encontrada predominantemente no fígado; M-CPT I é encontrada predominantemente no músculo; CPT II é encontrada em todas as células estudadas até agora. As enzimas CPT trabalhar em conjunto com outras enzimas para o transporte desses ácidos graxos utilizados para fazer a energia conhecida como ATP. Se uma das enzimas é defeituosa, então o sistema de transportes é prejudicado e a produção de energia nas células fica comprometida.


Os ácidos graxos são transportados do citoplasma para a mitocôndria em 2 etapas:


Ácidos graxos livres - Acil-Coenzima-A que pode atravessar a membrana externa;
Ácido graxo-CoA - Acil-carnitina que pode atravessar a membrana interna;

Este transporte é possível devido a Carnitina e a Carnitina palmitoiltransferases I e II, como transporte mediado.

A L-carnitina também ajuda a limitar o acumulo de ácidos graxos no sangue e no citoplasma celular. Com efeito, ácidos graxos em concentrações elevadas, podem se tornar tóxicos. Este papel torna-se essencial em situações como:


Perda de peso importante e rápida, onde ocorre liberação de ácidos graxos dos tecidos adiposos;
Consumo de dietas ricas em gordura.

A L-carnitina é um nutriente condicionalmente essencial. Em condições normais, cães, gatos e seres humanos têm a capacidade de sintetizar a L-carnitina em quantidade suficiente. No entanto, em casos específicos, a suplementação de L-carnitina pode ser benéfica:


Doença renal ou hepática (síntese de L-carnitina fica afetada);
Dieta rica em gordura;
Diarréia crônica;
Doença cardiovascular;
Atividade física intensa;
Obesidade

Por exemplo:


Obesidade + problemas cardiovasculares: A L-carnitina pode reduzir os lipídeos no sangue e tecidos, que é associado com um risco reduzido de desenvolver doenças cardíacas. Assim, essa atividade redutora de lipídeos, especificamente a sua capacidade de rápida e acentuada diminuição de triglicerídeos no plasma e aumentar “bom” colesterol pode ser benéfico para os animais acima do peso. Além disso, a L-carnitina pode ajudar no processo de vasodilatação e aumentar a capacidade de sustentar contrações cardíacas (reduzir arritmias).
Animais de esporte: A L-carnitina promove a geração de ATP através de seus efeitos sobre a beta-oxidação, bem como o seu papel na remoção de unidades de acetil da mitocôndria (este último processo é importante porque o acúmulo de unidades de acetil é que inibem a várias partes do processo respiratório). A L-carnitina também é benéfica para o coração, aumentando a oferta de energia ao músculo cardíaco. Além disso, a L-carnitina pode ajudar no processo de vasodilatação e aumentar a capacidade de sustentar contrações cardíacas. Os lipídios fornecem 60-80% da energia metabólica requerida pelo coração, o que explica os níveis elevados de L-carnitina armazenados no músculo cardíaco. Além disso, a interferência com a oxidação de ácidos graxos pode ter conseqüências diretas sobre a função miocárdica.

A L-Carnitina é amplamente absorvida (baixo peso molecular), sendo seu excesso eliminado pela urina. Uma vez no sangue, penetra principalmente nas células musculares (distribuição dos animais: 90% no músculo). Em cães, 95% da carnitina está concentrada no músculo cardíaco e nos músculos esqueléticos para a produção de energia aeróbica, principal fonte de energia quando há o jejum prolongado, atividade física e desempenho da atividade cardíaca normal.

5- Avaliações de uso do ingrediente:

A carnitina desempenha um papel vital no transporte de ácidos graxos através da membrana mitocondrial. Baseado nesta função tem sido postulado que a suplementação de carnitina reforça a oxidação lipídica e, assim, promove melhora do desempenho de resistência por poupadores de carboidrato endógeno. Da mesma forma, na atividade anaeróbica, foi alegado que a carnitina oral, melhora o desempenho, inibindo a produção de ácido lático.

Em diferentes espécies animais e nos seres humanos, diversos pesquisadores tem avaliado e constatado efeitos benéficos da suplementação com L-carnitina para diferentes situações. Em seres humanos, foram avaliados os efeitos da administração em longo prazo da L-carnitina sobre o conteúdo de carnitina muscular e desempenho físico (Wachter et al., 2002). Outro estudo foi realizado para avaliar a oxidação de ácidos graxos de cadeia média e longa na musculatura esquelética de humanos durante o exercício (Jong-Yeon et al., 2002). Da mesma forma, outros estudos avaliaram o uso de L-carnitina para seres humanos, tendo sido observados efeitos benéficos sobre um ou mais parâmetros avaliados para diferentes situações (Cerretelli & Marconi, 1990; Bronquist, 1994; Hurot et al., 2002).

Estudos realizados em cães também indicaram efeitos benéficos da suplementação da L-carnitina em diferentes situações. KEENE et al. (1992), KITTLESON et al. (1997) e DOVE (2001) e constataram efeito benéfico da suplementação de L-carnitina em cães que possuiam problemas cardíacos. De forma semelhante, KATIRCIOGLU et al. (1997) constataram efeito benéfico do uso da L-carnitina em cães submetidos a exercícios, por aumentar desempenho muscular, ou ainda por favorecer a perda de gordura durante dietas para perda de peso (Sunvold et al., 1998; Butterwick & Hawthorne, 1998; Gross et al., 1998; Coelho et al., 2005).

Em gatos, à semelhança do observado em cães, autores também verificaram e constataram efeitos benéficos da suplementação de L-carnitina em diferentes situações. Efeitos benéficos foram observados em gatos obesos, sendo que a suplementação com L-carnitina protegeu os animais da Lipidose Hepática Felina Idiopática e da Cetose (Center, 1998; Center et al., 2000; Blanchard et al., 2002).

6- CONCLUSÕES

Diante do exposto fica claro que o uso da L-carnitina em alimentos para cães e gatos é SEGURO e BENÈFICO em diferentes situações fisiológicas que requeiram aumento da capacidade orgânica de produzir energia, como por exemplo em animais submetidos a exercícios, gestação e lactação, ou ainda diante de situações patológicas onde o fornecimento deste nutriente contribui com o adequado funcionamento ou restabelecimento da saúde, como por exemplo na obesidade, em doenças cardíacas ou hepáticas, não trazendo qualquer problema para os animais desde que administrada na dose recomendada.

 

SAIBA MAIS:


  • CÃES F:55 011 9386 8744
  • GATOS F:55 011 8485 4545
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1 Yves Miceli de CARVALHO, MV, MSc, Diretor Técnico e Científico, Responsável Técnico; Luciana Domingues de OLIVEIRA, MV, MSc, DSc, Consultora Técnica e Científica; Ana Gabriela VALÉRIO, MV, Consultora Técnica e Científica; René RODRIGUES JUNIOR, MV, Consultor Técnico e Científico; Hamilton Lorena da SILVA JUNIOR, MV, Consultor Técnico e Científico.

 

Bibliografia consultada:
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BROQUIST, H.P. (1994). Carnitine. In: Modern nutrition in health and disease, M.Shils et al (Eds.). Philadelphia: Lea & Febiger, 1994: pp 459-465.
BUTTERWICK, R.F.; HAWTHORNE, A.J. Advances in dietary anagement of obesity in dogs and cats. Journal of Nutrition, v.128, p.2771S–2775S, 1998.
CENTER, S.A. Safe weight loss in cats. In: Reinhart GA, Carey DP, eds. Recent Advances in Canine and Feline Nutrition Volume II: 1998 Iams Nutrition Symposium Proceedings. Wilmington, Ohio: Orange Frazer Press, 1998; 165-181.
CENTER SA, Harte J, Watrous D, Reynolds A, Watson TD, Markwell PJ and al. (2000). The clinical and metabolic effects of rapid weight loss in obese pet cats and the influence of supplemental oral L-carnitine. J Vet Intern Med; Nov-Dec; 14(6): 598-608.
CERRETELLI, P.; Marconi, C. (1990). L-carnitine supplementation in humans: The effects on physical performance. Int J Sports Med. 1990; 11: 1-14.
COELHO, C.F; Mota, J.F; Bragança, E; Burini, R.C. Aplicações clínicas da suplementação de L-carnitina. Revista de Nutrição. V. 18, p. 651-659, 2005.
DOVE, R.S. (2001). Nutritional therapy in the treatment of heart disease in dogs. Altern Med Rev 2001 Sep; 6 Suppl: S38-45
GROSS, K.L et al. Effect of dietary carnitine or choromium on weight loss and body composition of obese dogs. Journal of Animal Science, Suppl.v.76, p.175, 1998.
HUROT, J.M.; Cucherat, M.; Haugh, M.; Fouque, D. (2002). Effects of L-carnitine supplementation in maintenance hemodialysis patients: a systematic review; Am Soc Nephrol; 2002 Mar; 13(3): 708-14.
JONG-YEON, K.; Hickner, R.C.; Dohm, G.L.; Houmard, J.A. (2002). Long- and medium-chain fatty acid oxidation is increased in exercise-trained human skeletal muscle. Metabolism 2002 Apr; 51(4): 460-4.
KANTER, M.M.; Williams, M.H. (1995). Antioxidants, carnitine, and choline as putative ergogenic aids. Int J Sport Nutr. 1995; 5: S120-131.
KATIRCIOGLU, S.F.; Grandjean, P.A.; Kucuker, S.; Saritas, Z.; Yavas, S.; Bayazit, K. (1997). Effects of carnitine on preconditioned latissimus dorsi muscle at different burst frequencies. J. Card; Surg. 1997; Mar-Apr;12(2):120-5.
KEENE, B.W. L-carnitine deficiency in canine dilated cardiomyopathy In: R. W. Kirk and J. D. Bonagura, eds. Current veterinary therapy XI. Philadelphia: W. B. Saunders Co, 1992; 780-783.
KITTLESON, M.D.; Keene, B.; Pion, P.D.; et al. Results of the multicenter spaniel trial (MUST): taurine- and carnitine-responsive dilated cardiomyopathy in American Cocker Spaniels with decreased plasma taurine concentration. J Vet Intern Med 1997; 11: 204-211.
SUNVOLD, G.D.; Tetrick, M.A.; Davenport, G.M.; Bouchard, G.F. Carnitine supplementation promotes weight loss and decreased adiposity in the canine. Proceedings of the XXIII World Small Animal Veterinary Association. p.746. October, 1998
US FDA (United States, Food and Drug Administration). Disponível em: http://www.fda.gov WACHTER, S.; Vogt, M.; Kreis, R.; Boesch, C.; Bigler, P.; Hoppeler, H.; Krahenbuhl, S. (2002). Long-term administration of L-carnitine to humans: effect on skeletal muscle carnitine content and physical performance. Clin Chim Acta 2002 Apr; 318(1-2): 51-61.